quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Pé na Estrada

Jackson Bezerra termina segundo dia de protesto com 70km percorridos



O prefeito de Afonso Bezerra, Jackson Bezerra, chegou ao seu segundo dia de caminhada em protesto contra a redução dos recursos destinados aos municípios brasileiros, com mais de 75 quilômetros percorridos. O ritmo do segundo dia foi menor que o do primeiro, quando Jackson conseguiu a marca de 45km, entre a divisa Natal/Parnamirim, passando por Macaíba, até Santa Maria, onde descansou à noite.
O esforço realizado no primeiro dia frustrou os planos de caminhar de madrugada, a partir das 4h, como queria o prefeito, para evitar a força do sol. Segundo ele, a noite de terça-feira, 10, foi longa devido ao esgotamento e, por isso, não teve como sair mais cedo. "Na primeira noite eu senti muito devido ao cansaço que me consumia", explicou Jackson, enquanto caminhava para chegar ao município de Riachuelo. O percurso de ontem foi de pouco mais da metade do da terça-feira, com apenas 28km percorridos.
Até as 16h de ontem,o prefeito se estendia para chegar ao município de Cachoeira do Sapo, onde seria recepcionado pelo prefeito Etinho, que lhe daria suporte durante o seu descanso na noite.
Antes ele seria recebido pelo prefeito Júnior Bernardo, de Riachuelo, que havia prometido acompanhá-lo na caminhada até o município vizinho de Cachoeira. Durante o percurso, muitos prefeitos apareceram para cumprimentar o colega e fazer fotos de apoio à iniciativa. A presença constante da imprensa também tem retardado as caminhadas de Jackson Bezerra, entretanto, isso mostra que seu objetivo está sendo alcançado.
Jackson protesta contra as constantes reduções dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que tem deixado sua administração à mercê dos milagres da adequação orçamentária para não deixar de pagar funcionários e fornecedores. Assim como ele, praticamente todas as prefeituras de coeficiente 0.6 e 0.8 estão no vermelho.
Ontem, o presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, concedeu entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, para tratar da situação dos pequenos municípios.
Ele explicou que a maioria dos Municípios, aproximadamente 4.500, tem o FPM como principal fonte de receitas. "Esses Municípios não têm base urbana, não têm valor agregado, é do FPM que sobrevivem", destacou. Sobre as desonerações tributárias feitas pelo governo, fez uma crítica: "Por que a União não faz desonerações na Cofins, em outra contribuição dela? Isso tudo é autorizado pelo Congresso Nacional, que se diz defensor dos Municípios", lamentou.
Ziulkoski falou sobre a aflição dos prefeitos com as previsões do FPM, cada vez menos animadoras. No início do ano, a previsão era de R$ 58 bilhões, mas já caiu para R$ 53 bilhões. "E o aumento do salário mínimo? Da inflação? Do piso do Magistério Público? Como o prefeito fecha as contas e cumpre as exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal?", indagou.